Empreendedores compartilham experiências em âmbitos do turismo, esporte e cinema; projetos que trabalham em consonância com as ODS, da Agenda 2030 da ONU
O empreendedorismo vinculado ao desenvolvimento sustentável foi tema de debate no II Encontro de Empreendedorismo Outdoor do Mata Atlântica EcoFestival. O evento aconteceu no auditório da FESP, na noite de quarta-feira (07). A noite contou também com expositores de produtos naturais e simulação de atividades que são realizadas ao ar livre no hall de entrada da instituição.
Idealizado pelos empresários Aristides Athayde, Danielle Milarski e Olivia Isfer, o evento contou com palestrantes que tem amplo conhecimento em áreas como “Segurança no empreendedorismo de aventura”, “Lei de Incentivo para financiar expedições”, “Conexão entre cavalos e o ser humano”, “Voo de parapente”, “Sucesso versus Responsabilidade: o Case Buraco do Padre” e “Observação de Aves”.
A união destas áreas esteve presente no lema deste ano, definido como “Muitas tribos, uma só língua”. Uma proposta que dialoga com o propósito educacional da FESP, segundo o presidente do conselho, Rodrigo Rocha Loures. Na visão dele, é primordial realizar parcerias com empresas que desenvolvem atividades em prol da natureza e do empreendedorismo.
“A FESP se torna um centro de desenvolvimento em excelência, educação e aprendizagem empreendedora. A FESP está engajada nessa agenda. Ela já tem em seu escopo a visão empreendedora, sendo este o novo ciclo da FESP”, analisou Rocha Loures, também idealizador da Fundação Brasileira de Desenvolvimento Sustentável e cofundador da empresa de alimentos Nutrimental.
O empresário Aristides Athayde deu início às apresentações recordando da banda Barão Vermelho, quando cantava: “Saudações aos que têm coragem”. De acordo com Aristides, empreender no Brasil é um ato de coragem.
“Queremos construir um mundo melhor, mais justo e verde. Porque o desenvolvimento permite benefícios para as comunidades que extraem da natureza a sua sobrevivência”, ponderou o empresário.
Segurança no empreendedorismo em Legislação
A palestra “Segurança no empreendedorismo em Legislação”, da Dartilene Silva, representante do Sebrae-PR, mostrou as principais normas técnicas que existem para as atividades de turismo e aventura.
Aos empreendedores, ela citou primeiro o Código de Defesa do Consumidor (CDC) e a Lei Geral do Turismo. Como forma de preservar os direitos dos que usufruem do produto ou serviço ofertado, a empresa deve estar atenta à legislação e a tudo que pode oferecer de risco ao consumidor.
Para amparar a segurança das pessoas em atividades de risco, existe a norma técnica internacional ISO 21.101. Há também informações disponibilizadas aos participantes (ISO 21.103), para que eles tenham ciência dos pormenores do serviço ofertado.
Para aplicar o método de segurança, conhecido como plano de tratamento de riscos, existe o programa Sebraetec, voltado para inovação e tecnologia no empreendedorismo.
Expedição no Xingu
O empresário Marcelo Figueiral realizou uma das maiores expedições na bacia do Rio Xingu, onde conheceu mais de 16 etnias indígenas. Este projeto, rumo ao desconhecido, impulsionou-o a tirar do papel outra expedição pelo Rio Paraná, considerado o segundo maior do país, com 230 km de extensão.
Para conseguir financiar estas expedições, Marcelo desenvolveu um planejamento do projeto, documento que contemplava a estratégia do negócio, o roteiro de execução, os trabalhos de marketing e a produção audiovisual do
material.
Com estas informações reunidas, o empresário submeteu o projeto na Lei de Incentivo para conseguir bancar toda a expedição. A conquista do financiamento foi possível tendo em vista o propósito do projeto: impactar as comunidades, por meio do ESG.
Cavalgando atrás dos seus sonhos
Em “Cavalgando atrás dos seus sonhos”, a médica veterinária Carolina Macedo apresentou a relação entre humanos e cavalos aos participantes do evento. Para isso, fez um resgate histórico da evolução dos Hominídeos (ancestrais dos seres humanos) e dos Eohippus (ancestral do cavalo).
Com um sistema límbico mais desenvolvido, os cavalos são capazes de ensinar as pessoas sobre liderança, respeito, cooperação, empatia, paciência, coragem e força, como relata Carolina. Por ser também considerado uma presa no mundo animal, o cavalo sempre foge de confrontos, levando-o a desenvolver um sistema locomotor mais potente.
A bondade do animal permitiu que Carolina Macedo pudesse criar um Centro de Terapia com cavalos, em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. No local, empresas apostam neste centro como forma de melhorar as lideranças dentro das organizações e, ainda, permitir uma vivência de autoconhecimento.
O sucesso chega voando?
Há 18 anos, o empresário Márcio Lichtnow fundou a escola de parapente, conhecida como “Vento Norte Paraglider”, dedicada à formação de pilotos. Considerada uma das melhores escolas do país, Márcio expandiu o escopo do projeto para a parte do turismo também.
Na percepção dele, a sensação de voar pode ser traduzida como liberdade e, principalmente, superação, para enfrentar os ventos que não são favoráveis, além da altura que gera medo nas pessoas. A consolidação da escola só foi possível com o auxílio do Sebrae-PR, que forneceu cursos de capacitação.
Para o sucesso da empresa, ele teve que recorrer à resiliência para se manter forte no propósito: ensinar voo livre.
Sucesso versus Responsabilidade e Como tornar uma paixão em renda
Na sequência, foi a vez de dois cases que aliam a preservação da natureza com negócios lucrativos. Álvaro Dias Filho, advogado e publicitário, sócio-proprietário e gestor de um Parque de Natureza, apresentou a palestra “Sucesso versus Responsabilidade: Case Buraco do Padre”. Localizado no interior do Paraná, em Ponta Grossa, o local tem se desenvolvido e ampliado os serviços que disponibiliza, a exemplo do mais recente restaurante aberto no local. O parque reúne furna, fendas, mirantes, tirolesa e trilhas, entre outras ações para todas as idades, proporcionando experiências tanto diurnas quanto noturnas. Tenho já atingido a marca de receber visitantes de todos os 27 estados brasileiros, o Buraco do Padre é um case de que a preservação pode ser não só possível, como também lucrativa.
E por fim Débora Luíza Pacheco abordou o tema “Tornando uma Paixão em Renda: Case Marakaiah”. Médica veterinária, ela trabalha com animais selvagens e conservação da natureza. No encontro, ela contou como foi a experiência de fundar a Marakaiah Escola de Natureza, um negócio de impacto que fomenta atividades de observação de aves, fotografia e capacitação.
A atividade movimenta na Europa negócios muito lucrativos, levando fotógrafos de aves a viajar o mundo todo para efetuar tais registros. Nesse sentido, o Paraná, que abriga uma das partes mais preservadas da Mata Atlântica, oferece oportunidades de visualizar espécies realmente únicas, abrigando uma ampla diversidade de aves, e por consequência obtendo um excelente potencial de crescimento neste setor.
A noite foi uma intensa demonstração do quanto investir para a preservação da natureza pode gerar excelentes oportunidades no Brasil. Uma oportunidade única para ampliar as mentes e a criatividade de quem busca novos negócios e a criação de soluções de impacto positivo.