A primeira vez que Elcio Orlando Calegari pisou na FESP foi em 1969, para prestar o vestibular para o curso de Ciências Econômicas. Aprovado, foi aluno da Faculdade até 1972, ano em que se formou, já era casado e tinha três filhos. Sua experiência em Economia Internacional o levou, no dia 1º de março de 1975, a ingressar na FESP como professor daquela disciplina no mesmo curso em que se formou, Economia.
De lá para cá, foram 46 anos de dedicação à FESP. Seja como professor, coordenador de estágios, secretário ou diretor – primeiro financeiro, depois acadêmico. O prof. Calegari – como é conhecido – orgulha-se de ser uma das pessoas que mais conhece a história e o funcionamento da instituição.
Com a posse da nova diretoria que cumprirá a gestão até 2025, prof. Calegari passa o bastão para os que chegam e se despede dos trabalhos na Instituição para a merecida aposentadoria. Como forma de homenagear toda essa história vivida na FESP e pela FESP, realizamos a entrevista que segue, que contêm algumas lembranças, um tanto de história institucional e um olhar para o horizonte futuro. Em suas palavras, “Estou com 74 anos, desses, 46-47 anos vividos com a FESP. Sempre acreditei na Faculdade, tanto que foi minha opção como profissional”.
A FESP tem orgulho desse legado, que segue abaixo em pequena porção, mas que foi contado com muita alegria e satisfação, tão características do prof. Elcio Orlado Calegari.
Pergunta: Pensando em um resgate da sua história aqui na FESP: O professor tem na memória a recordação da primeira vez que entrou na FESP? Como era aqui?
Prof. Calegari: Conheci a FESP na década de 70, quando estava definindo qual seria o curso superior que iria fazer. Tinha uma perspectiva de fazer Direito, mas aí apareceu a possibilidade de fazer economia, uma grande chance que eu teria na vida profissional daquela época.
Entrei na FESP pela primeira vez para fazer o vestibular para ingressar no curso de Economia. Aprovado, passei quatro anos aqui dentro estudando. Formado, criei uma carreira fora daqui como profissional e, simultaneamente, passei a dar aula em cursinhos como professor de geografia. Isso me ajudava muito na relação de trabalho, estudo, faculdade e vida profissional. Depois de formado, passei a dar aula em uma faculdade, mas para que eu ingressar lá como professor, precisava de uma referência, já que eu era recém-formado. Aí vem o primeiro fato fantástico da minha história com a FESP: Vim aqui para pegar meu certificado de conclusão de curso e a referência de que tinha feito um trabalho específico na área de economia internacional. Como já conhecia o secretário acadêmico da época, comentei com ele que iria começar a ministrar aulas em outra faculdade. Ele disse: “Espera um pouquinho que eu vou falar com o diretor”. De repente, o então presidente da FESP, prof. Joaquim de Almeida Peixoto me chama até sua sala e informa que a professora da disciplina de Economia Internacional tinha pedido demissão, e que a FESP estava procurando alguém para substituí-la… e me perguntou: “ Te interessa?”. Isso foi em março de 1975, mês em que fui contratado como professor da FESP.
Pergunta: E como era a estrutura da FESP naquela época? O que era diferente dos dias atuais?
Prof. Calegari: Quando eu entrei como aluno, a FESP estava localizada na Rua Cândido Lopes, nº 340. Ainda como aluno, acompanhei a mudança para o endereço onde estamos situados atualmente. O único prédio do terreno ficava de frente para a Rua General Carneiro, que era a única entrada da Faculdade. O Hospital de Clínicas já funcionava e onde hoje é o nosso pátio, era o estacionamento dos professores. As salas de aulas eram localizadas no prédio à direita de quem entra pela General Carneiro. Naquela época era comum fazer uma grande rifa, promovida por professores e alunos. Dessa forma, e com doações de empresas, que conseguimos arrecadar dinheiro para construir as outras estruturas que hoje compõem a FESP.
Posteriormente a FESP adquiriu o terreno dos fundos, onde hoje está nossa entrada principal, na Rua Dr. Faivre. Depois de um certo tempo foi construída uma cancha de esportes, onde ficava também a nossa Associação de Professores, a Associação dos Funcionários e o Diretório Acadêmico. Foram disputados muitos torneios de futebol de salão ali. Até o final da gestão do professor Peixoto, as salas de aula comportavam em torno de 150 alunos, que estavam sempre cheias. Naquela época Curitiba contava com apenas quatro faculdades, bem diferente de como o mercado de ensino superior privado se apresenta hoje. A FESP, naquela época, era uma grande referência em Economia, Ciências Contábeis e Comércio Exterior.
A grande demanda fez com que tivéssemos que ampliar nossa estrutura para acomodar um grande número de alunos. De 14-15 salas, passamos para quase 40 salas, que comportam até 4 mil alunos nos turnos da manhã, tarde e noite. Hoje a realidade já é bem diferente, com o aumento da concorrência e com o ensino a distância. Se você observar bem, verá que em Curitiba a maior parte das instituições de ensino superior privado foram vendidas, já estão na mãos de grandes grupos de educação nacionais e internacionais.
Pergunta: Sua história dentro da FESP é formada como aluno, professor e gestor, sendo uma das poucas pessoas a ter tal experiência. Quais funções desempenhou aqui?
Prof. Calegari: Tudo é uma questão de escolha. Eu nunca trabalhei apenas na FESP, sempre tive uma série de outras atividades ao longo desses anos, mas sempre participando do que acontecia aqui dentro. Durante muito tempo fui coordenador de estágios do curso de Comércio Exterior (1980-2000), fui secretário acadêmico (2008-2012) até chegar a diretor financeiro (2013-2016) e, posteriormente, diretor acadêmico (2017-2020).
Pergunta: Gostaria que o professor deixasse uma mensagem para o futuro, para alunos, professores e colaboradores da FESP.
Prof. Calegari: Estou com 74 anos, desses, 46-47 anos vive com a FESP. Sempre acreditei na Faculdade, tanto que foi minha opção como profissional. Para quem fica, desejo que novamente possamos nos transformar em uma referência como instituição de ensino superior. Para àqueles que tem um discurso derrotista, deixo minha discordância. O mercado está mostrando que se não qualificarmos os profissionais, vamos apanhar lá na frente. E o lugar mais confiável para qualificar nossos profissionais com credibilidade e desenvolvimento padronizado, é dentro do ensino superior. Nesse sentido ainda continuo acreditando na FESP, como uma instituição de ensino capaz de influenciar o mercado. O maior exemplo que temos é o que aconteceu desde março de 2020, quando de uma hora para outra tivemos que nos reinventar. E tivemos bons resultados, com um processo satisfatório para os alunos, que em sua maioria se mantiveram nos cursos. Isso significa que quem trabalha aqui tem competência e condições de fazer o melhor.
Aos meus sucessores eu gostaria de deixar um voto de esperança, um voto de fé, de qualidade, na certeza de que o trabalho deles irá frutificar.
Aos alunos desejo que continuem acreditando em si e no mercado, milhões de empregos serão gerados a partir do momento de que esse processo de pandemia for freado e a economia reaquecer.