Especialista esclarece aspectos clínicos e psicológicos dos transtornos alimentares e alerta para os riscos do uso indevido de medicamentos para emagrecimento

Os transtornos alimentares estão entre os temas mais discutidos na atualidade, especialmente diante do aumento de casos associados a padrões estéticos impostos pelas redes sociais e à automedicação com substâncias para perda de peso. Esse tema foi debatido na noite do dia 4 de novembro na palestra “Transtornos Alimentares Sem Mitos: como reconhecer, compreender e intervir”, quando o psiquiatra Glauber Higa Kaio trouxe uma abordagem ampla, explicando como identificar os sinais de alerta e a importância da atuação integrada entre psicologia e psiquiatria. 

O evento, realizado no Auditório da FESP, fez parte da Semana Acadêmica de Psicologia e reuniu estudantes e profissionais da área. A discussão teve como foco principal a compreensão dos fatores emocionais, biológicos e sociais que contribuem para o desenvolvimento de transtornos como anorexia nervosa, bulimia, compulsão alimentar e vigorexia — condições que afetam não apenas a saúde física, mas também o bem-estar psicológico dos pacientes. 

Para Bruno Pereira, coordenador do curso de Psicologia, a palestra foi uma oportunidade de atualização e reflexão. 

“A palestra dele [Dr. Glauber] teve foco nos transtornos alimentares: como eles ocorrem, qual é a função, os tipos de tratamento e os fatores psicológicos envolvidos nesses casos. Ele falou sobre os perigos de remédios como as canetas emagrecedoras, que acabam gerando, indiretamente, quadros de anorexia. Fez uma correlação completa, com todo o mapeamento e a caracterização dos conceitos, tipos e categorias, além dos aspectos psicológicos envolvidos. Foi uma palestra bem agregadora.”

Temática dos Transtornos Alimentares está em voga na Psicologia

A aluna Maria Clara Freitag Mulato, do 2º período de Psicologia, reforçou a importância da palestra para a formação acadêmica e pessoal dos estudantes. 

“Eu assisti à palestra de transtorno alimentar aqui na FESP, e foi uma das melhores palestras da semana acadêmica. Foi uma palestra que foi muito relevante tanto para as pessoas que querem seguir nesse atendimento, tanto para as pessoas que já passaram algum transtorno relacionado à alimentação. A palestra foi muito bem desenvolvida, o palestrante era uma pessoa com muita experiência nessa área, então ele trouxe bastante diferença para nós estudantes que ainda estamos aprendendo o que é o transtorno alimentar.”, destacou. 

Segundo Maria Clara, o destaque foi a abordagem sobre os desafios do atendimento clínico. 

“Além de apresentar as principais diferenças entre transtorno alimentar, bulimia e anorexia, ele também trouxe a perspectiva de como é o atendimento a uma pessoa com esse problema — como pode ser um processo difícil, especialmente pela resistência em aceitar ajuda. Um dos maiores desafios dos transtornos alimentares é justamente a dificuldade que o paciente tem de se perceber em sofrimento.” 

Ela acrescenta que o aprendizado foi essencial para entender o papel do psicólogo na escuta e no acolhimento. 

“A palestra foi incrível e trouxe um pouco da realidade de como são os atendimentos com um paciente com transtorno alimentar e, além disso, também como nós psicólogos devemos agir com certas circunstâncias. Eu vi que teve muito interesse das pessoas, dos estudantes, tanto do noturno quanto do diurno, que também participaram da palestra.”, ressaltou.  

Ao longo da palestra, o Dr. Glauber Kaio destacou que reconhecer precocemente os sinais dos transtornos alimentares — como dietas restritivas, preocupação excessiva com o corpo e culpa após as refeições — é essencial para um tratamento eficaz. Ele também enfatizou a necessidade de informação de qualidade para combater os mitos que ainda cercam o tema e promover uma relação mais saudável com o corpo e com a alimentação.